sábado, 23 de dezembro de 2017

O paninho de natal

Muitos se preocupam porque não tem dinheiro suficiente para dar os melhores presentes para quem ama. Pessoalmente, quando ouço alguém questionar se o presente está "no nível" do homenageado, acho que tem algo que não faz sentido. E quando falamos de Natal, então, principalmente: na data que homenageamos alguém que é reconhecido pelo amor e humildade, qual seria a lógica de precisar ser rico para distribuir presentes caros?
Entendo que essencial é não esquecermos de quem amamos. Precisamos mostrar que a pessoa é importante, que nos preocupamos com ela. Se o valor do presente for importante para quem recebe, essa pessoa não deveria ser importante para quem o oferece.
Queria aqui exemplificar o quanto o valor não é nada, quando falamos em carinho e amor fraternal. Em meus quase 47, eu já ganhei presentes de tanta gente e de todos os valores possíveis e imagináveis. Mas sempre que chega o natal, o  presente que sempre vou olhar, que sempre me dá imensas e doces recordações é o presente abaixo, que nem foi para mim...
O meu inesquecível presente de Natal
Não sei se todos conseguem "entender" o que está na foto. Explico: é um pano de centro de mesa, feito de "saco", aquele pano simples de algodão que se usa normalmente como pano de chão e hoje ficou comum comprarmos aos montes nos semáforos. O pano tem alguns desenhos bem simples, primários até, e um crochê ao redor também básico, já com algumas falhas.
E porque algo tão simples, com custo quase desprezível, é tão significativo? Por que guardo esse presente dado para minha mãe há mais de 30 anos, que eu pedi para guardar comigo? Porque esse é o típico presente que minha avó Ana dava, um para cada família dos seus filhos. Quando ela chegava em casa, ela trazia um ou dois panos como esse e dava para minha mãe. Minha vó era alguém muito simples, que nunca teve nenhum luxo, mas ele investia um bom tempo para fazer esses paninhos para dar para família. Esse paninho retrata muto a minha vó: simples, discreta, carinhosa. E é esse paninho que eu, todo ano, dou uma olhadinha no Natal para lembrar como não é dinheiro o mais importante.
Esse ano cuidei para que fosse lavado a mão, com todo cuidado, para que siga comigo por mais 30 anos ou mais. O paninho da minha avó, o paninho de Natal.
Que todos tenham um grande natal. E que ganhem e deem muitos paninhos. Mesmo que não tenham muito dinheiro, lembrem-se que sempre há um jeito de fazer os outros felizes.

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