Lá em fevereiro chamei a atenção do momento histórico que estamos vivendo (veja aqui). As rebeliões no mundo árabe, clamando por democracia e liberdade, e algo incrível e que vai mudar a geografia política do mundo.
No mês passado, quando os EUA indicaram que iriam apoiar os rebeldes da Lìbia, constatei que nada mudou na política externa dos EUA, desde a década de 50 (veja aqui). Agora, outros países europeus também indicam que pretendem treinar os rebeldes da Líbia para lutar contra o Kadhafi (veja aqui). Desculpem-me, mas se o Kadhafi é realmente esse ditador sanguinário porque o Berlusconi, líder da Itália, era seu aliado até poucas semanas atrás? E porque a Itália comprava gás da Líbia, sustentando o governo dele? Aliás, se é importante para a "democracia e liberdade" que o Kadhafi deixe o poder, porque os países "interessados" nisso não invadem de vez o país e derrubam o governo? É mais louvável fomentar uma guerra civil, que ninguém sabe quando vai acabar e quantos mortos vai gerar? Que coisa triste...
Na Síria, soldados continuam atirando contra manifestantes (vide aqui). Como eles não são um grande aliado e não tem petróleo, os EUA criticam essa violenta repressão.
Mas contra países com petróleo e aliados dos EUA, não há nenhum movimento dos países ditos democráticos para mudar essa situação. A Arábia Saudita reprimiu fortemente os primeiros protestos (vide aqui) e proibiu novos (vide aqui). No Bahrein, a imprensa mal deu bola para o fato de a Arábia Saudita ter enviado tropas para sufocar protestos (vide aqui): isto mesmo, tropas de um outro país contra protestos! Do Iêmen, que também atira contra protestos (vide aqui), pouco se fala. Por que essas ditaduras podem fazer o que quiser?
Se os países ricos do mundo se preocupassem de verdade com a humanidade, não teriam se esquecido do Haiti. Depois do terremoto, o país está totalmente falido, com 80% de desemprego, com uma população morando em barracas (eternamente?) e um governo sem força para nada, dependente das tropas da ONU (brasileiras em maioria). Bastaria 1% do orçamento militar americano para fazer uma grande diferença para aquele povo. Mas no Haiti só tem gente, não tem petróleo, então não "vale a pena" gastar lá. Certo, Obama?
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