sábado, 9 de julho de 2011

Minha eterna companheira de aventuras

Ela sempre esteve ao meu lado. Não me lembro de existir sem tê-la ali comigo.
Quantas boas memórias tenho das loucuras com minha mana.

Ela sempre foi uma menininha sonhadora. Queria fazer ginástica ritmica, mas nunca conseguiu uma oportunidade de avaliar se tinha o dom. Queria também ser estilista e passava horas desenhando meninhas e belos vestidos: aliás, sempre desenhou infinitamente melhor que eu. Desenhou, dançou, enfim, nas artes eu nunca cheguei nem perto dela...


Adorava brincar de família, mas curiosamente a família era de chaveiros...  E as vezes acabava sumindo uma chave de casa :-D Tomávamos banho na nossa "piscina", os dois tanques de lavar roupa, e brincávamos com barquinhos e outras bugigangas na água...

Algumas coisas eram mais difíceis: me lembro, como se fosse um filme, da dificuldade de fazê-la comer e das aulas de matemática que a família inteira dava para ela... E, lógico, lembro que "criança grava".

Quantos "esportes radicais" na nossa casa: o salto sobre o sofá, delicioso, mas que me deixava com alergia (e um dia me quebrou três dedos). As escorregadas no chão do quintal, deitados, indo de um lado para outro (e depois ficando com gripe por causa da friagem). E os passeios de bicicleta por volta à casa, com a "subida da serra" que era dar umas 20 voltas em um pequeno quadrado do terreno. Também tinha olimpíadas. E o que eu mais gostava, ping-pong. Mas ela sempre foi mais atleta que eu, e dava show com seus patins e o bambolê.
Mas bom mesmo era nossa cumplicidade: sempre juntos, um protegendo e ajudando o outro. E as brincadeiras pela casa, subindo por fora da escada, vendo quantos degraus pular de uma vez, tudo aquilo que nossa mãe jamais podia saber... Ou então quando achamos a arma sem querer: que susto, né?

Por ela eu fiz a maior loucura de toda minha infância e pré-adolescência: ir até Praia Grande de bicicleta, escondido de todos, para ensaiar com meus primos a peça de teatro que escrevi para o aniversário dela. Estou aqui tentando lembrar alguma coisa, pelo menos o assunto, mas não consigo :-( Mas sei que minha irmãzinha  merecia muito mais que aquela "loucura" juvenil minha.

A sua adolescência foi iniciada, subitamente, com o Menudo. Foi um ano de sucesso e uns 5 discos, várias camisas, botons e tudo mais que houvesse. E ainda teve o histórico show da Vila Belmiro. Ela ficou quase 12hs no estádio, embaixo de chuva e me lembro como se fosse ontem na sua saída ela dizer que não tinha como enxergar direito o palco e não dava para ver se eram eles mesmos que estavam lá. Mas, quando perguntamos se tinha valido a pena, ela disse "claro que sim". Minha irmã, naquele momento, deixava de ser uma menina.

Se muitos tem um grande amigo que ajudam nas conquistas, eu tinha minha irmã. Já na quarta série, uma amiga dela veio dizer que gostava de mim, e minha reação foi sair correndo. Na adolescência ela me trouxe a oportunidade de dançar uns dez bailes de 15 anos com suas amigas, uma mais linda que a outra. Embora tinha a tensão de não saber dançar, de não me queimar com aquela porcaria da vela que nos obrigavam a segurar e, principalmente, de estar abraçado àquela gatinha, foram momentos sublimes.Tentou me "ajudar" com várias dessas belas amigas, mas eu realmente era absolutamente travado. Mesmo sendo tão travado, tive "rolinhos" com duas belas amigas dela e com uma terceira namorei por quase um ano :-) Para recompensá-la por tantas "oportunidades", eu não a deixei um segundo sozinha com um namorado até vir para a UNICAMP. Se eu não tivesse vindo estudar fora, ela deveria ter virado freira. E olha que sempre foi absolutamente linda. Não havia um colega meu que não pedisse que a apresentasse...

O tempo passa e aquela menina, minha "branca de neve", linda, branquinha de cabelo preto, de fala macia e muita opinião, mudou muito. Mas tenho certeza que lá dentro ainda residem muitos sonhos, da menininha. Não se conforme com pouco, Natinha, você sempre foi a menos conservadora da família. Você merece muita felicidade. Os nossos sonhos mudam, é claro, a idade nos faz ver e sentir de formas diferentes, mas não podemos deixar de ter sonhos. E espero que você consiga realizar ainda muitos sonhos na vida, pois você merece!

Obrigado por existir e ser minha eterna companheira de aventuras. Obrigado por tudo que você fez por mim e por toda a família. Feliz 39 anos! (caramba, ontem mesmo você tinha nove!)

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