Na última eleição fiquei muito decepcionado ao ver um jovem de grande universidade, que se achava politizado, falar a seguinte frase: "é claro que o governante X não vai ter compromisso com a educação, porque o governante X tem compromisso com a indústria". Como é possível alguém, que se diz politizado, falar tamanha asneira??? Como é possível ainda aceitarmos estudantes, políticos e sindicalistas fazendo discursos que estão atrasados mais de um século?
A era do operário inculto, mero seguidor de ordens, acabou há muito! Há mais de 50 anos o mundo conheceu o pensamento enxuto (ou lean), onde o que faz a
empresa crescer são trabalhadores inteligentes, criativos,
questionadores. O mundo não precisa mais de "mão de obra": os robôs hoje são melhores e mais baratos que mãos. O que as indústrias precisam do ser humano hoje é do cérebro! Só que tem gente que ainda acha que vivemos no século XIX, antes até da revolução de Ford, revolução totalmente revista pelo Lean...
Os países que cresceram nas últimas décadas no mundo o fizeram graças à uma excelente educação. São exemplos gritantes o Japão e a Coreia do Sul, onde uma indústria de alta tecnologia os fizeram sair do terceiro mundo e chegar ao primeiro em algumas décadas. Indústria estabelecida graças à colaboração de operários muito bem preparados, com excelente formação. A educação desses dois países é inquestionavelmente boa. Assim, respondendo ao comentário insano do estudante durante a eleição: "caro, se o governante X tivesse compromisso com a indústria, ele investiria MUITO em educação, porque a indústria no Brasil perde muito hoje por causa da incapacidade de sua mão de obra de viver nesse mundo de produção de alta tecnologia e produtividade". Nossos operários não aumentam produtividade há décadas, isso é praticamente único em todo o mundo. Sem aumento de produtividade, a indústria não consegue aumentar os salários, e por isso seguimos com baixos rendimentos aos operários e com indústrias em crise recorrente. E o futuro será ainda mais negro se não revertermos essa situação trágica da nossa educação hoje.
Mas a tendência, infelizmente, não é boa. Estamos ainda andando para trás. Em matéria da revista Exame de 15/04, podemos ver que o Brasil é o país da América Latina onde mais jovens não terminam o nível médio. Eu disse o PIOR DA AMÉRICA LATINA, pior que países como Nicarágua, Bolívia e El Salvador, só para dar três exemplos. E para ser ainda mais triste a notícia, essa situação PIOROU entre as gerações: a geração nascida nos anos 80 desistia menos do ensino médio que a geração nascida em meados dos anos 90. Em resumo, tudo está péssimo e a tendência aponta para piorar.
Eu acredito, totalmente, que a única solução para o Brasil mudar é educação. Com educação de qualidade teremos uma população esclarecida, que conseguirá cuidar melhor da sua saúde, planejar melhor a sua vida, votar melhor e ser mais produtivo em suas empresas. E isso geraria um ciclo virtuoso na nação. Mas os governantes atuais, infelizmente, não querem boa educação, pois quanto menos competente é o povo, mais depende da esmola do governo e mais facilmente vende seu voto.
Além disso, a linha Marxista que tomou de assalto nossas faculdades de educação e faz uma lavagem cerebral em nossos professores, os fazendo cultuar Paulo Freire, um cara que pensou 5% em educação e 95% em ditadura de esquerda, que na verdade nunca esteve nem aí com as crianças, só as usando para sua "revolução", só faz piorar o ensino no país. Não precisamos de professores que fiquem pregando uma linha ideológica, não precisamos de sindicatos de professores que usem essa massa para manipular a mídia usando professores, e seus alunos, como se fossem meros brinquedos em favor de seus partidos antidemocráticos. Precisamos de educação de qualidade, professores que queiram ensinar conteúdos e não impor visões ultrapassadas do mundo, professores que sejam valorizados por salários decentes, mas que façam jus a estes salários se comprometendo de VERDADE com o aprendizado de nossas crianças, não aceitando ser marionetes de políticos e sindicatos corruptos.
Sem mudarmos essa realidade, sem a sociedade enxergar a importância fundamental da educação para o futuro do Brasil, seguiremos sendo, para sempre, o "país do futuro", futuro que nunca chegará. Precisamos de um pacto nacional pela educação, um pacto de verdade, com governantes que queiram um povo mais preparado e mais culto (não apenas em slogans!), com uma população que entenda que qualidade de ensino é essencial para o futuro de nossas crianças e jovens e com professores que rejeitem seguir sendo usados como marionetes de partidos que representam o passado, o atraso e a falta de democracia
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