quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A utopia econômica acabou

No início do século XX existia a crença na utopia econômica do comunismo. A romântica ideia de uma divisão igualitária por todos, onde todos são iguais e todos merecem o mesmo. Ao longo do século XX essa utopia foi desconstruída. Na verdade, ao nivelar todos no mesmo patamar, o que se viu foi que a população não tinha motivação para buscar melhorar. Morreu a iniciativa e a criatividade. E se a igualdade foi boa no início, ao final ficou a igualdade da pobresa, onde todos tinham um padrão de vida bem ruim. Foi isso que matou a URSS e todo o mundo socialista europeu.
A utopia era ainda mais forte em Cuba. Mas a verdade é que não foi o socialismo que fez eles melhorarem tanto, era o financiamento da União Soviética. Com o fim do financiamento, a ilha de Fidel mergulhou em uma crise e hoje recorre ao capitalismo para tentar se reerguer.
Se não é o comunismo a solução para um mundo mais rico e mais igual, será que é o outro extremo, o liberalismo? Também não. O nível de vida dos Estados Unidenses (odeio o termo americanos, porque nós também somos americanos, somos das américas!) foi mantido por uma distorção econômica sem limites no mundo. Há muito os EUA deixaram de ser uma potência industrial. Há muito o país está em um processo de endividamento crônico. O consumo mantinha-se no patamar insano anterior porque, embora financeiramente inviável, os EUA têm sua dívida mantida pelos outros países. Mas isso alguma hora terá fim. E parece que já começou. Como disse em outro post, acredito que o começo do fim foi a reação insana ao 11 de setembro. E a crise resulta hoje em uma situação onde nunca antes os EUA tiveram tantos pobres (vide aqui). E pobre nos EUA é pobre mesmo, pior até que no Brasil, porque eles não tem saúde pública, não tem educação pública, não tem transferência de renda, se você não tem dinheiro lá, não tem nada!
Se a utopia comunista não provou-se viável e se o liberalismo americano também não, talvez as economias direcionadas e fortemente industriais do leste asiático sejam o exemplo a ser seguido? Na minha opinião, não também. O Japão cresceu por 40 anos depois da segunda guerra, mas há 30 está estagnado. E o mesmo, estou certo, irá acontecer com Coréia e os outros tigres. O mesmo vale para a China, mas isso demorará um século ou mais, porque eles tem muita mão de obra disponível... Mas é uma questão de tempo. O crescimento nesses países se deve a uma mão de obra muito comprometida e barata: basta o país se desenvolver um pouco e a mão de obra ter salários em nível competitivo com o resto do mundo, que o grande diferencial deles acaba..
Então, resta a Europa como exemplo: países com um nível de estabilidade e qualidade de vida totalmente diferenciados. Não acredito nisso, infelizmente. O que está acontecendo hoje, com as crises na Europa, alguma hora iria acontecer. A Europa há muito deixou de ser uma potência industrial, também na agricultura só se sustenta com gigantescos subsídios bancados por governos que hoje não tem mais verbas para isso. Ao passear pelos deliciosos países europeus, ficava me perguntando como os governos deles conseguem, com economias tão menores que a  nossa, com tão menos indústrias, com agricultura tão insipiente, manter aquele padrão para seus cidadãos. E a resposta agora está clara: com dívida pública, que agora chegou a um nível insustentável. Até os anos 70, o nível de vida dos europeus era mantido com a exploração de colônias, mas sem essa exploração, só com o que eles produzem internamente, não é sustentável...
Enfim, o que se pode concluir do meu raciocínio acima? A minha opinião é que não existe hoje no mundo espaço para acreditar que o Brasil ou qualquer outra nação do mundo conseguirá manter um nível de vida como foi a utopia dos EUA e da Europa no século XX ou o Japão no pós-guerra. O mundo é pobre e vai continuar assim por muito tempo, por algumas gerações. A riqueza que existia em algumas regiões na verdade era só um desequilíbrio, com capital se transferindo de um lado a outro do mundo...
Acredito que o Brasil possa sim melhorar muito, em relação ao que é hoje, se tivermos governos (muito) melhores do que tivemos nas últimas décadas e um povo comprometido com um plano para a nação. Mas não acredito que venhamos a ser primeiro mundo, no sentido que esse termo sempre foi entendido. É mais fácil o antigo primeiro mundo se juntar a nós que nós nos juntarmos a eles... Infelizmente!

Veja também:
- A verdade e a fábula do país rico
- A Grécia é aqui
- Pés no chão, brasileiros II
- Pés no chão, brasileiros

7 comentários:

  1. Ótimo artigo, mas poderia ser melhorado, na parte onde cita "[sic]...(odeio o termo americanos, porque nós também somos americanos, somos das américas!).[sic], pode apenas colocar mesmo estadosunidenses mesmo e de acordo com a nova norma ortográfica deverá ficar juntos.
    Além disso, o que difere alguns paises europeus do Brasil, talvez seja o excesso da xenofobia ,que fez até a dinamarca fiscalizar suas fronteiras na zona do euro, isso sem contar Portugal e Grécia que tornaram-se os filhos leprosos do Euro e que estão recebendo "medicamentos" financeiros da Alemanhã e França.
    O termo "primeiro mundo" poderia ser substituido por "paises ricos", pois depois da extinção da URSS e dos ensinamentos do mestre Milton Santos, a geopolítica após URSS ficou entre paises ricos e pobres.

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  2. ,que fez até a dinamarca fiscalizar suas fronteiras na zona do euro, isso sem contar Portugal e Grécia que tornaram-se os filhos leprosos do Euro e que estão recebendo "medicamentos" financeiros da Alemanhã e França.
    O termo "primeiro mundo" poderia ser substituido por "paises ricos", pois depois da extinção da URSS e dos ensinamentos do mestre Milton Santos, a geopolítica após URSS ficou entre paises ricos e pobres.

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  3. Sobre o sistema capitalista, vi esse video
    http://gregmankiw.blogspot.com/2011/08/jeff-miron-on-capitalism.html em que um professor de Harvard comenta o que ele acredita serem 3 mitos sobre o capitalismo. É interessante, e pode talvez fazer com que repensemos alguns tópicos sobre o capitalismo.

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  4. República Federativa DO BRASIL -> brasileiros
    República Popular DA CHINA -> chineses
    República Bolivariana DA VENEZUELA -> Venezuelanos
    Estados Unidos DA AMÉRICA -> americanos

    Nem é tão irreal assim né? Além disso, "Américas" nem mesmo é um continente, e sim um conjunto deles (pelo menos é o modelo mais aceito por aí e tal), qual é a identidade oferecida pelo conjunto dos continentes? Nenhuma...
    O termo "americanos" para designar os nascidos nos EUA é algo comum no mundo todo, já o termo "estadounidenses", bem... só por anti-americanos, especialmente sul-americanos (américa do sul sim é um continente e até tem alguma identidade hehehehe)

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  5. que,que isso povo sem medo de polêmica???????????????????
    Não entedi????

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    1. Eu quis mostrar que vários exemplos de sucesso econômicos do século XX não se sustentaram. E que não existe hoje um modelo para um país virar uma potência. Na verdade, a tendência hoje é mais para as antigas potências empobrecerem. É uma visão pessimista, sem dúvida, mas realista...

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