Ontem tive que, mais uma vez, enfrentar as insanas filas das repartições públicas brasileiras. Fui com bastante antecedência, para conseguir pegar o que precisava e depois buscar meus filhos na escola. Mas a demora estava tanta que, após uma hora de fila, fui buscar um filho e voltei e ainda faltava tanto tempo que deu tempo de ir buscar o outro filho e voltar e ainda faltava uma hora pelo menos...
Uma senhora, já com seus 70 anos, me viu com o bebê no colo por tanto tempo e a outra criança ao lado e me ofereceu de trocar a senha com ela, que seria atendida uns 30min antes, mais ou menos. Eu disse que não precisava, que ela já estava ali há duas horas e era mais idosa que eu. Mas ela insistiu tanto, dizendo que uma criança não deveria ficar parada tanto tempo e que não é fácil ficar segurando um bebê no colo por uma hora (minha coluna realmente já me matava), que eu não tive como não aceitar. Fiquei ali pensando em como há boas pessoas boas no mundo, sem a pressa de todos, que pensam no próximo.
E ao conseguir a caixa de produtos que lá retirei, voltei atrapalhado, com um bebê em um braço, a caixa na outra mão e a pequena andando na frente carregando sua mochila. Já no caminho de volta, um motorista da universidade me abordou e me pediu para que lhe deixasse ajudar: ele levaria a caixa e eu ajudaria a minha filha a carregar a mochila. E lá foi ele uns 100m ao meu lado, com um sorriso no rosto, sem ganhar nada em troca, simplesmente ajudando ao próximo.
Sinceramente, eu acho que não teria oferecido a troca das senhas se estivesse no lugar da senhora, já duas horas parado esperando por lá: afinal, teria muitas coisas "urgentes" para fazer. E também tenho dúvidas que seria tão solícito quando o motorista. Isso me faz pensar em quanto melhor eu poderia ser. E também em quanto, muitas vezes, damos excessivo valor ao lado ruim das coisas, à violência, aos maus, e o quanto deixamos de valorizar o que há de mais bonito na vida, a bondade do ser humano.
Muito obrigado, senhora e motorista, pela lição de civilidade e de humanidade que me deram ontem. Isto ficará comigo para sempre.
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