domingo, 6 de outubro de 2013

É muito bom ter uma grande família

Tive muitas grandes sortes na minha vida. Uma das maiores é ter uma família muito grande dos lados do meu pai e da minha mãe e poder conviver com praticamente todos ao longo da minha infância e adolescência. Todos moravam em um raio de 10km, entre Santos e São Vicente. E muito do que aprendi e do que sou, devo aquele delicioso convívio tão próximo com meus 4 avós, minhas duas dezenas de tios e várias dezenas de primos :-)
Vou falar um pouco hoje do meu lado Borges. Tenho muito orgulho de ser um Borges. Tenho muito orgulho de ser neto do intelectual José Borges e da sempre batalhadora Ana Maria. E de ter os tios que eu tenho:
- o "contador de histórias Viriato", de fala sempre macia, que veio nos anos 50 para o Brasil, sem nada, foi sapateiro, feirante, empresário e construtor. E sua esposa, a sempre doce tia Conceição. Com seus filhos, mais velhos, não interagi tanto na infância, mas se hoje tenho a carreira que tenho, foi graças ao exemplo do meu primo, que foi meu veterano na UNICAMP e o primeiro familiar que soube que estudou em universidade pública;
- a sempre risonha e carinhosa Tia Júlia, que começou a vida debaixo, chegou a ser doméstica ao chegar no Brasil, mas construiu uma bela (e GRANDE) família junto com meu saudoso tio Fernando, que vez ou outra eu encontrava fiscalizando o ônibus no qual eu dormia nas minhas noites retornando do curso técnico. Carlinhos é o primo que honra a tradição empreendedora dos Borges, grande motivo de orgulho;
- o piadista e visionário empresário Hilário, que se foi tão cedo graças ao odioso cigarro;
- a doce e carinhosa tia Cacilda, minha tia mais próxima na infância, que junto com meu tio Zé, trouxe ao mundo meus amados três primos com os quais brinquei muito enquanto criança. Tios que foram tão cedo embora, mas construíram uma família linda e unida;
- a forte e carinhosa Idália, que sempre tomou as rédeas da vida e é a única que continua seguindo a tradição comerciante da família que quase inteira se aposentou. E que trouxe ao mundo meu outro primo tão próximo e querido.
Só não interagi com um tio Borges, que voltou muito cedo a Portugal e se foi: um dia marcante para mim, quando vi meu pai atender a um telefone e chorar, coisa que nunca tinha visto meu MACHO pai fazer até então. Ali eu percebi que meu pai era gente como eu, e não o super-herói que eu sempre imaginei.Mas fiquei feliz ao poder conhecer minha prima lá em Portugal, a única com a qual não interagi na infância.
Pois é, eu sou uma colcha de retalhos de cada um que me influenciou na vida. No meu jeito de ser, de pensar e de sentir, tem aquela indolência do Vô Zé lendo por horas, a balinha que a vó sempre trazia, os carinhos de todos os tios e tias, a irreverência das "desgarradas", as guloseimas típicas portuguesas, o lado empreendedor e batalhador de toda a família e aquela proximidade da turma de primos, amigos e companheiros de brincadeiras e agitos.
Mas o tempo passa, eu mudei de cidade há décadas e hoje vivo entre correrias de trabalho e o cuidado com os filhos. É tão difícil conseguir ver os Borges com a frequência que deveria...
Mas a quarta geração, os bisnetos do José e da Ana estão se casando. E hoje consegui ir no casamento da minha "priminha", que estava linda de noiva. E foi maravilhoso poder rever tanta gente querida, conversar com as tias Julia, Idália e Conceição, curtir meu pai e o irmão Viriato trocando memórias da "terrinha", rever vários primos, esposas, maridos e filhos. Foi maravilhoso porque amo muito essa gente, porque sinto muito a falta dos bons tempos de todos juntos em Santos e porque é bom de vez em quando voltarmos às nossas origens e lembrarmos de onde viemos e, em resumo, o que somos. Nunca, por mais longe que esteja, deixarei o jeito de ser dos Borges fugir de mim. Valeu família querida que me fez e me faz ser o que sou!

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Um comentário:

  1. Que lindo irmão! Muito lindo mesmo!
    Saudades de todos.
    Beijos,

    Gabi.

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