Semana passada fui visitar um cliente no interior de São Paulo. Consegui ir de avião, mas tive que voltar de ônibus. Desta forma, como sairia de um lado, e voltaria por outro, não pude deixar meu carro lá. Consegui uma carona para ir até o aeroporto, mas na volta acabei voltando de ônibus para casa.
Sabe, há muitos anos não pegava um circular em Campinas. E, sinceramente, a qualidade do serviço por aqui não me motiva a deixar meu carro na garagem. Mas foi uma boa experiência.
Peguei o 3.32, que é o novo número para o antigo 3.60, que liga o Barão à rodoviária. O ônibus não é mais o saudoso vermelhão de 88, que ia navegando pelo tapetão em seu suave balanço. Nem mesmo o "goiabão" de 89: verde na casca, mas vermelhão no fundo, e cheio de bicho dentro. Mas o trajeto é praticamente igual, só mudando que agora sai da nova rodoviária e anda duas quadras até chegar ao ponto inicial antigo, aquela pracinha triângular. Mas a partir dali, tudo igual...
E foi bom relembrar aquele tempo de bixo... Eu pegava o ônibus na Orozimbo, mas como quase sempre vinha lotado, e muitas vezes nem parava por isso, acabei me acostumando a ir até o ponto inicial na rodoviária. E lá me encontrava com Assis, Ponto e muitos outros amigos que moravam na região da Culto à Ciência. Além de muitas belas mocinhas que admirávamos em nossa "Pausa para contemplação". Aí o ônibus dava a volta por dentro do centrão e passava em frente ao "prédio do Mauro", na esquina da Orozimbo: ainda chamo aquele prédio assim... E ia pegando o povo pelo caminho. Até chegar ao terminal Barão, onde íamos pegar o ônibus que levava até a UNICAMP. Depois veio o expresso (antigo 3.61) que ia direto para a UNICAMP... E tudo isso pago com as fichinhas subsidiadas pela UNICAMP que comprávamos em filas gigantes no Ciclo Básico, coisa que há décadas não existe mais.
A gente brincava que eram os alunos mais pobres que vinham de 3.60, porque os ricos moravam no Cambuí e vinham de 3.70 :-) Bons tempos aqueles em que alunos "ricos" vinham de ônibus...
A linha é a mesma, e traz boas lembranças. Mas o público mudou. Os bixos não moram mais no centro, hoje as repúblicas estão em Barão mesmo e os mais pobres moram na moradia. O ônibus agora vem cheio de domésticas, que normalmente vêm de cidades periféricas como Sumaré e Hortolândia, descem na rodoviária e de lá pegam essa linha para vir para Barão, hoje um bairro cheio de condomínios.
Muita coisa mudou, mas na minha memória aquele tempo de acordar cedo, pegar o vermelhão e ir batendo papo com amigos amassado no busão será sempre uma boa memória. Faz parte da minha história... E vai sempre me lembrar que não é o que temos de conforto que nos faz felizes, mas sim a esperança e as amizades.
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Sou de Campinas também (embora agora more perto do papai noel) e por muitos anos peguei o 3.60 e o 3.71 do centro pra Barão... Foi nos meus primeiros anos de física da Unicamp... Era dureza.. o ônibus vinha lotado de outros estudantes como eu (era mais barato pra muita gene morar no centro, do que nas pensões e republicas caríssimas de barão).
ResponderExcluirDe vez em quando pegar esse onibus eh bom, pra lembrar... mas nao quero a rotina de todos os dias de novo nao...
tudibao!