Hoje não é apenas dia dos namorados. É também o dia do meu pai.
Ano passado falei sobre esse grande homem em um post: Um simples português
Hoje quero falar rapidamente sobre minhas origens: sou filho de português por pai e bisneto de três portugueses pela mãe (e uma bisavó espanhola). Enfim, sou 87,5% português.
E admiro muito minha origem. Não só as comidas, que já decantei neste post. Meu pai era de uma família muito humilde que veio com uma mão na frente outra atrás tentar a vida no Brasil. E todos os tios que para cá vieram, sem ter nada além de vontade e determinação, prosperaram. O povo português, em especial os que aqui vieram, tem essa característica marcante: lutam muito pelo que querem, trabalham de sol a sol, não querem benefícios do governo, querem apenas a chance de ganhar a vida com seus esforços. E chegam lá!
Foi muito bom viver três meses em Portugal e conviver com aquele povo tão diferente, mas tão próximo no coração. Aquele sotaque que me lembra a casa da vó, aqueles pratos com bacalhau, as batatas, aquele jeito que consegue ser reservado e carinhoso, tudo ao mesmo tempo. Foi ótimo rever a casa de pedra, provavelmente medieval, onde meu pai morou e entender o quão mais difícil foi a vida que ele teve, mas ele nunca se lamenta por isso! Pelo contrário, sempre olha para trás com muito orgulho.
O português é um povo engraçado: adora sofrer e canta o fado com tanta paixão quanto nós gritamos gol para a seleção. Lamentar é um esporte nacional e me lembra muito aquele jeitinho sempre down da minha vó com seu "de hoje a um ano, se até lá eu chegar" que ela falou por uns 30 anos ininterruptos. Mas se o português adora chorar e sofrer, também é muito forte e lutador: minha vó tinha 80 anos e não reclamava de andar alguns quilômetros três vezes ao dia para levar café, almoço e janta para meu avô no hospital, que não queria comer nada que não fosse feito por ela. Exemplo de força, exemplo de fidelidade, únicos! E também é um povo que sabe ser muito feliz com pouco, família e amigos, tremoços, uma roda com piadas, algumas músicas de desgarrada (quem acha que fazer improvisos em desafios, com um cantor ultrajando o outro, é coisa tipicamente nordestina, melhor conhecer as tradições portuguesas).
Parabéns, meu pai, por mais um aniversário. Obrigado por tudo. Obrigado por trazer para este lado do atlântico parte do que hoje sou eu. Valeu mesmo!
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