quarta-feira, 8 de junho de 2011

Política é importante: a visão de um quarentão


Acabei de chegar aos quarenta anos, uma transição que “pesa” bastante. Provavelmente, o dobro da maioria que me lê. Mas acreditem, esses outros 20 anos são muito rápidos: é um piscar de olhos e você deixa de ser teen e vira quarentão. A vida muda de ritmo...
Quem viveu na ditadura entende a diferença que é uma democracia, mesmo com seus vícios... Com 15 anos sabia muito de política e sonhava em poder votar. Meus ídolos eram políticos com história irretocável, que muito lutaram e muito conseguiram para o Brasil, como o Tancredo Neves, o Ulisses Guimarães, o Franco Montoro e o Mário Covas. Por outro lado, meu maior desprezo era – e é - dirigido ao violento, conservador e “rouba mais faz” Maluf (o único, entre os que citei, vivo até hoje, o que mostra uma ironia da vida, ironia essa que, com o tempo, aprendemos que é muito comum). O primeiro presidente eleito democraticamente foi trágico: o Collor. Mas os jovens que cresceram na ditadura não aceitaram todos os seus desmandos e foram às ruas, com caras pintadas, tirar aquele “senhor” do governo. Eu estava na graduação naquela época e muitos amigos meus pegaram os ônibus e foram para Sampa, para esta luta. Depois dele, teve o Itamar, que em dois anos conseguiu o que o Sarney e depois o Collor não conseguiram em 7: acabar com a inflação e estabilizar o Brasil. Não, não estou errado: embora a mídia sempre fale do FHC, foi no governo do Itamar que foi implantado o plano real: o FHC era apenas um dos ministros do Itamar. Seguiram-se dois governos do FHC, que foi um político muito progressista ao longo de sua carreira, mas fez um governo mediano e o Lula, que na ditadura era visto como um “comunista” (equivalente hoje a chamar alguém de terrorista), mas fez um governo quase igual ao FHC. Teve corrupção nos dois, teve acordos com políticos conservadores como o Sarney, enfim, muito menos progressos que a história dos dois prometia. Mas não dá para comparar a liberdade e os progressos do país nesses últimos 20 anos com a década perdida de 80 e o início dos anos 90.
Eu cresci em meio a uma inflação de 1000% ao ano: é isso mesmo, não tem zero a mais não, os preços eram no mínimo dez vezes maiores ao final do ano.  E o Brasil viveu uma crise financeira interminável: por isso os anos 80 foram chamados de década perdida. Sendo de origem humilde, o sonho que eu tinha era conseguir um bom emprego, ter minha casa e me sustentar com conforto, o que era realmente um “sonho” para poucos naquela época. Eu não era o mais politizado dos jovens da minha época, mas sempre acreditei que votando e sendo ativo politicamente dá para melhorar! Eu inclusive participei de campanhas de candidatos que eu sei que eram melhores que os concorrentes: fiz muita campanha para o Mário Covas, por exemplo. É essa vontade de mudar, essa esperança, que nos dá energia para seguir em frente quando somos mais velhos: hoje olho para trás e lembro com um sorriso da minha juventude e isso me dá forças para tocar em frente na vida...
Me preocupa o fato de ver que a geração de jovens de hoje parece que envelheceu antes do tempo, parece que deixou a esperança de lado! (vide aqui) Acordem, para que meus filhos, e os seus, tenham um mundo melhor que o nosso! Não podemos abrir mão da nossa responsabilidade como cidadãos pela política. Não podemos continuar votando tão mal. Temos que acreditar que as coisas podem ser diferentes, pois só acreditando é que elas poderão mudar. 

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