sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Um Brasil onde todos tem o mesmo peso político

O Brasil está longe de ser um país realmente democrático, quando falamos do parlamento. Se para o executivo, cada brasileiro tem o mesmo peso, para o parlamento os brasileiros realmente são totalmente diferentes. O peso de um paulista para a escolha de um senador é 82 vezes menor que um morador de Roraima, por exemplo. Isto porque qualquer estado tem o mesmo número de senadores, mas Roraima tem 82 vezes menos população. E o desequilíbrio, embora menor, ainda é muito grande na representação para a Câmara dos Deputados. Isso gera um congresso que não está comprometido com a maioria da população, mas sim interessado em defender interesses muitas vezes de pequenas minorias super-representadas.
E assim, governo após governo, São Paulo, Rio e Minas  perdem sempre na disputa política com o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com muito mais peso político do que deveriam ter de acordo com a população que lá vive. 
Fiz um estudo que vou apresentar neste blog em duas partes. Em um, mostrei como deveria ser dividido o Brasil se todos os estados tivessem o mesmo tamanho que São Paulo, que apresento abaixo. Em um post posterior, mostrarei como seria uma justa divisão do país em 27 estados com peso similar.
O Brasil de cinco estados igualmente divididos
O pior é que essa desproporção só piora, ano após ano. A criação dos estados do MS, ainda na ditadura, de Rondônia, Roraima e Amapá no início da nova república e de Tocantins, há poucos anos atrás, só aumentou essa injustiça com estados grandes, dando muito peso para estados com pouca população. E há ainda a tentativa atual de dividir estados com pouca população, como houve há pouco com o Pará (vide este post). E os Sarney estão interassadíssimos em um projeto que tramita no congresso de criar o Maranhão do Sul: assim eles controlariam três estados (hoje já controlam Maranhão e Amapá) e teriam ainda mais peso no congresso nacional.
Se o Brasil tivesse apenas estados do tamanho de SP, seriam apenas cinco estados, divididos conforme apresentado no mapa:
- São Paulo, com 41 milhões de habitantes
- todo o sul e o centro-oeste (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal) seriam outro estado, com os mesmos 41 milhões de habitantes
- Minas, Rio e Espírito Santo comporiam um terceiro estado, com quase 40 milhões de brasileiros
- Seis estados do sul do nordeste fariam o quarto estado, com 35 milhões de pessoas (Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte)
- Ceará, Maranhão e Piaui e todos os estados do norte (Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Tocantins, Pará e Amazonas) formariam o quinto e último estado, com menos que 35 milhões de habitantes.
É lógico que não estou querendo propor que os estados do Brasil sejam reorganizados desta forma, mas acho importante este tipo de exercício para ver o quanto o Brasil está desigualmente dividido. Se for para dividir algum estado neste país, seria justo pensar essa divisão em especial para São Paulo e Minas Gerais, estados muito maiores e com representação no congresso nacional inexpressiva. Dividir estados com pouca população é inaceitável e só vai aumentar a desigualdade que os brasileiros tem hoje no peso de suas representações em Brasília. E também há estados absurdamente pequenos, que deveriam ser repensados, pois não justificam tamanho custo de gestão pública: Amapá, Roraima e Acre não chegam a 1 milhão de habitantes, são menores que a cidade de Campinas, mas tem representação igual ao estado de SP no senado, algo inaceitável!

PS. o post em que esta discussão é continuada é o Um país com estados equilibrados

Veja também:
Um país com 27 estados
O grande golpe político dos micro-estados!
Política é importante: a visão de um quarentão

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