quinta-feira, 12 de abril de 2012

O novo cinema brasileiro e o Jabor

Sou um fã e um não-fã do Arnaldo Jabor. Sou fã porque ele faz o que eu, se pudesse, mais amaria fazer: um cronista livre, que fala da vida, da política, das artes. As participações dele são também, sempre, "sem medo de polêmica", mas com um alcance que este blog ainda não tem. Admiro a grande capacidade de articulação dele, a fala clara, concisa, direta. E o prazer que tem em despertar paixões e iras.
E sou não fã porque ele é um típico representante da nossa elite intelectual idiota  dos anos 70. Aquele povo que era esquerdista e virou direitista radical depois de velho. Aquele povo que se acha tão intelectual que com sua pseudo-intelectualidade quase matou o cinema nacional nos anos 70. Que anos tristes, onde ser diretor era "uma ideia na cabeça e uma câmera na mão": quanta porcaria saiu deste "conceito" infeliz... O cinema brasileiro que já tinha sido grande na época dos musicais, do Oscarito, do Grande Otelo, etc., chegou ao fundo do poço, sendo que a única coisa que atraía "público" eram as atrizes famosas peladas. O exemplo mais claro disso é Dona Flor, que só teve o sucesso que teve porque a Sônia Braga era um mulherão de deixar os brasileiros loucos... E, lógico, aparecia pelada no filme...
Uma comédia romântica
clássica, previsível e deliciosa
Neste fim de semana loquei dois filmes recentes nacionais. O primeiro foi "Qualquer gato vira-lata". É dessas comédias românticas típicas, com uma mulher apaixonada por um cafajeste e um bom moço por perto. O final, quem leu a frase acima, já sabe. Mas como diria a Debora Falabela em outro excelente filme nacional, Lisbela e o Prisioneiro, o importante não é o final, é como se chega nele. É aquele filme para se ver abraçado à amada: doce, romântico, encantador. Ok que tem alguns furos, como a visão do que é um trabalho de mestrado bastante "torta", mas são licenças poéticas. O filme não tem pretensão de ganhar Oscar, nem de ser prêmio de roteiro. É um filme que busca apenas divertir casais que se amam e isso ele faz muitísimo bem.
Comédia romântica com um quê
de ficção científica e
ótimas atuações
O segundo filme que vi no fim de semana foi o mais badalado "O homem do futuro". Este é um filme mais rico, com uma boa produção. Inclui a curiosidade de ter como cenário um dos maiores orgulhos da ciência brasileira: o laboratório de luz síncroton. É o único laboratório como este em todo o mundo não desenvolvido. Só que, na verdade, esse laboratório não fica no RJ, mas em Campinas, bem ao lado da UNICAMP. É mais um daquela série de filmes que nasceu depois do inesquecível "De volta para o futuro", onde o personagem volta para o passado para tentar mudar algo... E aí se seguem confusões e mais confusões. Mas diferentemente da série dos anos 80, neste o foco não é aventura, mas sim o romance. E, além de tudo, o filme faz pensar, ainda mais em uma era onde todos acham que o certo é não sofrer.O filme é bom, com boa produção, um roteiro que dá para se divertir bem, o Wagner Moura como sempre está ótimo, enfim, é algo que merece ser visto.
E não é que na sua crônica de segunda o "mala" do Jabor veio criticar "a tendência de comédias românticas copiadas dos EUA no cinema nacional"? Ah, Jabor, não enche! Sim, são comédias românticas despretensiosas, bem inspiradas na fórmula americana que sempre fez sucesso. São filmes que não querem dizer que são "intelectuais" como as suas produções. Mas são filmes que fazem o que se propõe, e muito bem. E trazem para o cinema pessoas que querem simplesmente se divertir, coisa que é a alma do cinema. É o tipo de filme que o brasileiro quer ver, e que bom que hoje podemos escolher entre ver um filme desses nacional ou um importado. Muito melhor do que levar platéias só para ver mulheres peladas, ou filmes cabeça lentos que só filósofos conseguem gostar, como era na época em que você se achava um grande diretor.

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