Vou começar com este post uma série que há muito planejava escrever. Uma série de um dinossauro que arrasta sua barriga gigante pelos campos da nossa querida Unicamp há 25 anos. Para os antigos matarem saudades de suas histórias. E para os novos conhecerem como as coisas eram por aqui no passado.
Não poderia ser diferente, tenho que começar pelo começo. E o começo de tudo, para mim, foi a reviravolta que a Unicamp teve com um dos dois reitores realmente marcantes que ela teve: o Paulo Renato. Paulo Renato que há pouco nos deixou, depois de muito ter feito pelo país (vide este post).
O Paulo Renato resolveu que a Unicamp precisava mudar de patamar, precisava ser grande, ser conhecida. Começou com um evento histórico, memorável, a Universidade Aberta ao Público (UAP). Foram umas 5 edições naquele formato: um evento aberto, uma grande festa, onde excursões de todos os cantos vinham conhecer a Unicamp, que abria seus laboratórios para os jovens dos nível médio se apaixonarem pela ciência.
Foi o que aconteceu comigo: eu pensava em estudar na USP, muito mais perto de Santos, mas depois que vim visitar a UAP, em 1986, e vi um laser funcionando, e comi salsicha feita apenas com proteína saudável na engenharia de alimentos, e cientistas brincando de magia com misturas químicas, além de todo aquele "calor" que vinha de dezenas de milhares de "pré-bixos" rodando pela universidade, decidi que aqui seria meu lugar. Voltei em 1987, só para confirmar que queria ser um aluno do antigo DCC, departamento de computação que pertencia ao Instituto de Matemática. E entrei aqui em 88, depois de cancelar a matrícula que já tinha feito na USP, que me chamou primeiro no vestibular: e não me arrependo disso, jamais! Muito embora nunca mais tenha comido salsicha, nem visto laser, nem mesmo aquelas gatinhas que passeavam pelos gramados no dia da UAP :-D
A UAP tinha o clima dos jovens, tinha a visão do Paulo Renato de transformar a universidade pública em algo popular. Mas depois do Paulo Renato, a linhagem conservadora, chata mesmo, de professores, pressionou a reitoria para acabar com aquela "bagunça" que era a UAP. E a festa histórica e inesquecível do Paulo Renato virou a UPA, uma coisa burocrática, onde alunos precisam se inscrever antes para normalmente assistir a apenas uma palestra chata de professores nada simpáticos falando coisas que eles achariam facilmente no google, sobre apenas um curso. Como quase tudo na Unicamp, a ideia original que era fantástica se perdeu em meio à burocracia e a falta de objetividade dos gestores desta que é a melhor universidade do Brasil, segundo o último exame nacional.
Saudades do Paulo Renato, saudades da UAP. Mas ainda orgulhoso de ter sido aluno e de ser professor da Unicamp!
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Marcos,
ResponderExcluirAssim como voce, decidi estudar na UNICAMP justo durante uma visita a UAP do Paulo Renato. Cancelei matricula na USP e na Unesp. Nunca me arrendi. Ao contrario, eu me considero previlegiado e feliz por ter a oportunidade de estudar naquele ambiente academico tao especial.
Um abraco,
Sergio Vianna do Rio (Comp90)
Eu já havia decidido estudar na Unicamp antes de ira minha primeira UAP, mas foi a UAP que me deu o impulso para me esforçar o máximo para passar no Vestibular. É mesmo uma pena que tenha acabado. Perdemos todos: candidatos, alunos, professores.
ResponderExcluirMuito bom encontrar um outro dinossauro, mais jovem, que eu que apresentei (holografia)na primeira UAP. E sua opinião sobre a perte reacionária da Unicamp, que bem poderia ter arrumado a bagunça que foi o último evento, sim, e continuado no sucesso.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário... Quem sabe um dia consigamos fazer a unicamp ser de novo a Unicamp vibrante, alegre e revolucionária dos tempos do Paulo Renato...
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